Em um dia normal, quando não esperava nada, vi pela primeira vez o relógio que sabia que era o certo. Sabe como é? Aquele relógio bonito, confiável, que dava tudo para tê-lo e que desejei desde o primeiro dia.
Infelizmente o relógio tinha dono, era de outra pessoa naquele momento, senti uma inveja tremenda, dava vontade de arrancá-lo a força e sair correndo, não via a hora de ter o relógio só para mim.
Um dia minha felicidade cresceu um pouco mais quando vi que o dono do meu objeto de desejo, não mais o usava. Fiquei tão feliz, pensei que finalmente o relógio que sempre quis iria enfim poder ter comigo. Ledo engano quando descobri que era preciso mais do que vontade para tê-lo comigo.
Tentei de todos os jeitos que conhecia encontrar uma maneira de merecê-lo. Desiludido e cansado, parei de tentar. Resolvi voltar para os relógios sem graça, afinal precisa de um relógio, não importando se era o que eu queria ou não. Fiquei muito tempo sem pensar no meu relógio perfeito, me enganei varias vezes achando que poderia substituí-lo por outro, mas no fundo sentia a falta do mais perfeito, para mim, entre todos que já vi.
Parece que essa falta de lembrança no relógio o trouxe mais perto de mim. Sem mais nem menos um dia que cruzo a esquina vejo o relógio ali, na minha frente, sendo oferecido para o meu uso. Demorei a acreditar que era ele, tão perto, será que era verdade? Não querendo perder tempo, aproveitei a oportunidade e experimentei, ficou perfeito, do jeito que eu sempre imaginei.
Só não havia imaginado que poderia ficar com ele tão pouco tempo. De um modo inexplicável o relógio me foi arrancado do pulso e sumiu. Fiquei perplexo sem saber para onde ele havia ido e o porquê dele ter sido arrancado de mim sem qualquer explicação.
Fiquei arrasado por dias. Era como se voltasse no tempo,quando criança e alguém arrancasse o meu pirulito, roubasse minha bala, meu delicado, era quase que uma porta para não querer sair mais de casa.
Com o tempo voltei a vida normal, e voltei a ver, distante, o meu relógio querido. Já desacreditado, achando que nunca teria mais o relógio, comecei a tentar esquece-lo. Por mais que tentasse, sempre lembrava dele em algum momento do meu dia. Sabia que ele deveria ser meu de qualquer jeito.
Continua......