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domingo, 22 de junho de 2008

Meu relógio amado - Parte I

Algumas coisas são ensinadas pelos seus pais, outras você assite na televisão, e ainda existe as que você vai aprendendo durante a vida na rua. Entre essas coisas uma das mais importantes que aprendi a desejar foi um relógio. Pela sua importância e por estar sempre presente contigo.
Quando menino sempre fiquei sonhando com o relógio perfeito. Nunca gostei dos que possui apenas os tinha, não por prazer, nem por gostar tanto deles assim, apenas por uma quase necessidade. Vivi anos me contentado com eles, mas nunca o certo e olha que nem foram tantos assim.
Em um dia normal, quando não esperava nada, vi pela primeira vez o relógio que sabia que era o certo. Sabe como é? Aquele relógio bonito, confiável, que dava tudo para tê-lo e que desejei desde o primeiro dia.
Infelizmente o relógio tinha dono, era de outra pessoa naquele momento, senti uma inveja tremenda, dava vontade de arrancá-lo a força e sair correndo, não via a hora de ter o relógio só para mim.
Um dia minha felicidade cresceu um pouco mais quando vi que o dono do meu objeto de desejo, não mais o usava. Fiquei tão feliz, pensei que finalmente o relógio que sempre quis iria enfim poder ter comigo. Ledo engano quando descobri que era preciso mais do que vontade para tê-lo comigo.
Tentei de todos os jeitos que conhecia encontrar uma maneira de merecê-lo. Desiludido e cansado, parei de tentar. Resolvi voltar para os relógios sem graça, afinal precisa de um relógio, não importando se era o que eu queria ou não. Fiquei muito tempo sem pensar no meu relógio perfeito, me enganei varias vezes achando que poderia substituí-lo por outro, mas no fundo sentia a falta do mais perfeito, para mim, entre todos que já vi.
Parece que essa falta de lembrança no relógio o trouxe mais perto de mim. Sem mais nem menos um dia que cruzo a esquina vejo o relógio ali, na minha frente, sendo oferecido para o meu uso. Demorei a acreditar que era ele, tão perto, será que era verdade? Não querendo perder tempo, aproveitei a oportunidade e experimentei, ficou perfeito, do jeito que eu sempre imaginei.
Só não havia imaginado que poderia ficar com ele tão pouco tempo. De um modo inexplicável o relógio me foi arrancado do pulso e sumiu. Fiquei perplexo sem saber para onde ele havia ido e o porquê dele ter sido arrancado de mim sem qualquer explicação.
Fiquei arrasado por dias. Era como se voltasse no tempo,quando criança e alguém arrancasse o meu pirulito, roubasse minha bala, meu delicado, era quase que uma porta para não querer sair mais de casa.
Com o tempo voltei a vida normal, e voltei a ver, distante, o meu relógio querido. Já desacreditado, achando que nunca teria mais o relógio, comecei a tentar esquece-lo. Por mais que tentasse, sempre lembrava dele em algum momento do meu dia. Sabia que ele deveria ser meu de qualquer jeito.

Continua......

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