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segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Chegada

Montado em sua coluna de fumaça, tendo como cenário o azul equatorial da tarde maranhense, o VSB-30 V04 decolou da Base de Alcântara como um quilométrico ponto de exclamação. De repente, como num passe de mágica, havia qualquer coisa no ar além dos aviões de carreira. Nunca-na-história-deste-país, como naqueles dezenove minutos de subida vertical, o Barão de Itararé foi tão profético. Dias antes, o brigadeiro José Carlos Pereira, da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária, a famigerada Infraero, admitira: “a malha aérea brasileira foi para o espaço”. E a resposta veio de foguete, a 7,2 mil quilômetros por hora, sete vezes mais ligeira que o som: o espaço, pelo menos, continuava em boas mãos.

O VSB-30 – para os enfronhados, Veículo de Sondagem Booster série 30 – zarpou no dia dezenove de julho. Passavam catorze minutos do meio-dia no instante da largada. Devido a acertos de última hora nos reatores, ele saiu atrasado uma semana. Sofrera seis adiamentos por mau tempo. São coisas que acontecem com qualquer passageiro de ponte aérea. O importante é que, na decolagem, o foguete brasileiro foi agraciado com céu límpido, sem nuvens, anil. Literalmente, um céu de brigadeiro.

Fazia quarenta e uma horas e meia que o Airbus da TAM, no vôo JJ-3054, explodira ao lado do aeroporto de Congonhas. E quatro anos que, em Alcântara, a explosão de um artefato semelhante no solo matara 21 pessoas. Com o VSB-30, a Agência Espacial Brasileira retomava, numa operação batizada de Cumã II, a conquista da camada superior da atmosfera terrestre. O veículo custou 1,25 milhão de dólares, ou 45 vezes menos que o Aerolula. Tinha a missão de subir 285 quilômetros – metade da altitude alcançada pelo Jupiter C, um disparo que deu certo nos Estados Unidos, há meio século, e acabou soterrado na história pelo êxito do Sputnik soviético. Previa-se que a Cumã II pusesse uma cápsula em órbita por cerca de seis minutos e meio. E isso ela fez, com alguns segundos de diferença que só interessam aos cientistas e aos chatos. Imediatamente, a página oficial do projeto publicava na internet o veredito: “Lançamento com sucesso”.


Isso é um trecho da Matéria de MARCOS SÁ CORRÊA na Revista Piauí 11
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